No Brasil, o café é o alimento mais consumido. Além de sermos o maior produtor e exportador dessa commodity, somos o segundo país que mais consome, apenas atrás dos EUA. A commodity também é a segunda bebida mais ingerida ao redor do globo, perdendo apenas para a água.
Em 2022, foram quase 2,2 milhões de toneladas exportadas para 145 países diferentes em nosso país, o que alcançou cerca de 9,2 bilhões de dólares. Disso tudo, a maior parte é feita por produtores de propriedades familiares, o que gera receita para inúmeras famílias, sem contar trabalhos de mão de obra indireta por conta de todo o processo industrial e comercial.

Famosa por seus chocolates e queijos munda a fora, a Suíça também está há mais de década se destacando entre os 5 maiores exportadores de café. Mas um pequeno detalhe deixa esse fato bem intrigante: A Suíça não produz um grão de café sequer!
A Suíça importa os grãos ainda verdes de países como o Brasil, Colômbia e Vietnã, e lá eles fazem somente a torra do café. A indústria de torrefação no país europeu é muito forte, e como é um processo não tão acessível para qualquer país, por necessitar de capital extensivo, se torna referência. Para se ter uma ideia, eles conseguem exportar até para nós brasileiros o mesmo café que a gente cultivou, porém, torrado e pronto para uso.
Para fins de comparação, a Suíça gasta em média 4 francos suíços por kg de café importado, e conseguem exportar eles de volta por cerca de 30 francos. Segundo dados de 2023, em 2021 a Suíça foi o segundo maior exportador de café, apenas atrás do Brasil. Cerca de 3,6 bilhões e 6 bilhões de dólares foram arrecadados pelos países, respectivamente (Brasil então ainda ganha pela larga escala nesse caso).

O maior exemplo desse sucesso todo do café Suíço é a Nespresso.
A empresa suíça está constantemente presente em nossas casas ou escritórios com as cápsulas de café em máquina da Nestlé, que, somente em 2023, tiveram um faturamento de aproximadamente 7 bilhões de dólares, mais que o total exportado pelo Brasil inteiro em 2021.
A soja, outra commodity a qual o Brasil é referência, tem uma situação parecida com a do café. Somos o principal produtor de soja mundial, com mais de 120 milhões de toneladas. Contudo, a Holanda, um pequeno país na Europa, que não teria condições geográficas para obter tamanha escala, tem uma agroindústria muito forte, capaz de obter um faturamento similar com o Brasil em exportação de produtos derivados da soja, como o farelo, que é a parte rica do grão.
O Brasil costuma importar o grão in natura, não tendo a estrutura necessária para produzir o farelo, que nada mais é do que o grão de soja sem seus óleos e umidade. A Holanda se beneficia disso importando 47% do total de seus grãos do Brasil.
Imagem: Agroadvance, em: https://agroadvance.com.br/blog-subprodutos-da-soja/

Essas e outras curiosidades, como a exportação de minério de ferro e importação de aço para a China e também o fato de a Petrobras, uma das maiores petrolíferas do mundo, não conseguir refinar todo o petróleo que extrai, podem destacar o conceito de doença holandesa no Brasil.
Para saber mais sobre o conceito de doença holandesa, esses temas os quais impactam – muitas vezes diretamente – a sua vida e principalmente a economia do país e de empresas listadas em bolsa, assim como soluções para tais problemas e defasagens brasileiras, veja o vídeo completo sobre a matéria em nosso canal do Youtube. Para isso, basta clicar no botão abaixo!
Luciano Herzog é Consultor de Investimentos certificado pela CVM e formado em Administração de Empresas. Com anos de experiência no mercado, o qual já trabalhou anteriormente como assessor, ajuda pessoas e empresas a alcançarem seus objetivos financeiros através de estratégias personalizadas, com foco no cliente e valorizando o relacionamento e a transparência em suas interações.